Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda a possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.

Paulo Freire









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CAXIAS DO SUL, RIO GRANDE DO SUL, Brazil
Somos a Gestão Voz e Movimento - 2013 do Diretório Acadêmico de Pedagogia (DAPE) da Universidade de Caxias do Sul. Representamos os estudantes de Pedagogia perante a Universidade e lutamos para dar voz aos interesses do corpo discente do curso.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

III CINE DAPE



Ressaltamos a presença das alunas do Magistério do Colégio Cristovão. Muito satisfatório para nós tê-las em nossos eventos!Obrigada!

É verdade, um filme que choca.
É verdade, um filme que pede reflexão.
É verdade, um filme que chama os olhos para as entrelinhas.
É mintira, NÃO É PORNOGRAFIA!NÃO É ESCÂNDALO!



Obrigada Sônia!!

...Palavras da Professora:



CORPO ESCRITURA


Professeur

Sônia Regina da Luz Matos

Palestra proferida no Cinema da UCS

Evento CINEDAPE

13.09.2010



Conférence au Cinéma UCS

événement CINEDAPE
13.09.2010


Boa noite! Convido a todos e todas a assistirem o filme O livro de cabeceira, isto é, uma história nada engraçada nem encantadora.

Um filme para estranhar, para sentir, para pensar, para deixar fluir as sensações. Um filme que não

serve nem para gostar e nem para não gostar. Ele é para além deste binarismo ingênuo de julgar e

criticar o que vimos e vivemos.

Ele inicia com um rostilidade, não com um rosto. Uma rostilidade não tem identidade.

Uma escrita num rosto sem identidade. A rostilidade é histórica, atravessa quase mil anos e se

repete na escritura de um rosto.

Se escreve no corpo, no rosto, mas mãos, no seio, no sexo, na boca, na língua, entre os dedos, na

bunda, no pé, nos olhos...

Se escreve porque se necessita escrever. Escrever é uma necessidade. Escrever sem filiação com a

moral.

Escrever no corpo é diferente de tatuagem.

Escrever para depois apagar, escrever pelo instante vivido, escrever sem intenção de contar

história. Escrever no corpo, não é o mesmo que escrever no papel, não é um corpo representando o

papel. É um papel pele, um papel odor, um papel suor, um papel erótico, um papel sexual, um

papel gozo. Uma escrita vida. Um corpo escritura. Usando a carne como papel faz um livro

experimentado, exploração do sensível.

Escrita como vida, não para vida, nem sobre a vida.

Escrever um livro de cabeceira?

Escrita sem leitor

Escrita sem endereçamento

Escrita sem intenção

Escrita sem função

Escrita que não serve para nada

Escrita potência zero

Escrita para fio de vida

Escrita que traça curvas e dobras

Escrita das linhas de vida e de morte

Escrita sonoramente ruidosa

Escrita como matéria sonoro

Escrita matéria erótica

Escrita audivisual

Escrita enigmática

Escrita criação

Escrita de afectos e perceptos

Escrita resistência

Criar é descarregar a vida

inventar novas possibilidades de vida

Criar é resistir

Resistir a escrita como treinamento, como opinião, como aprisionamento da cientificidade,

como besteira, como imbecilidade, como aprisionamento na forma, como repetição do mesmo...

O corpo escritura liberta das paixões tristes

Liberta o ressentimento

Escritura variação de si

Escritura atravessa o vivível e o vivido

Sempre matéria viva

Como a carne crua

Domina a norma da língua

Ao ponto de levá-la a uma explosão

Explode a forma de escrever pelo seu excesso de rigor

Escritura torna sensível o que não é sensível

Uma escrita que declina para fuga

Um corpo que faz pensamento

Um corpo sem órgão diria Artaud.

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