Ressaltamos a presença das alunas do Magistério do Colégio Cristovão. Muito satisfatório para nós tê-las em nossos eventos!Obrigada!
É verdade, um filme que choca.
É verdade, um filme que pede reflexão.
É verdade, um filme que chama os olhos para as entrelinhas.
É mintira, NÃO É PORNOGRAFIA!NÃO É ESCÂNDALO!
Obrigada Sônia!!
...Palavras da Professora:
CORPO ESCRITURA
Professeur
Sônia Regina da Luz Matos
Palestra proferida no Cinema da UCS
Evento CINEDAPE
13.09.2010
Conférence au Cinéma UCS
événement CINEDAPE
13.09.2010
Boa noite! Convido a todos e todas a assistirem o filme O livro de cabeceira, isto é, uma história nada engraçada nem encantadora.
Um filme para estranhar, para sentir, para pensar, para deixar fluir as sensações. Um filme que não
serve nem para gostar e nem para não gostar. Ele é para além deste binarismo ingênuo de julgar e
criticar o que vimos e vivemos.
Ele inicia com um rostilidade, não com um rosto. Uma rostilidade não tem identidade.
Uma escrita num rosto sem identidade. A rostilidade é histórica, atravessa quase mil anos e se
repete na escritura de um rosto.
Se escreve no corpo, no rosto, mas mãos, no seio, no sexo, na boca, na língua, entre os dedos, na
bunda, no pé, nos olhos...
Se escreve porque se necessita escrever. Escrever é uma necessidade. Escrever sem filiação com a
moral.
Escrever no corpo é diferente de tatuagem.
Escrever para depois apagar, escrever pelo instante vivido, escrever sem intenção de contar
história. Escrever no corpo, não é o mesmo que escrever no papel, não é um corpo representando o
papel. É um papel pele, um papel odor, um papel suor, um papel erótico, um papel sexual, um
papel gozo. Uma escrita vida. Um corpo escritura. Usando a carne como papel faz um livro
experimentado, exploração do sensível.
Escrita como vida, não para vida, nem sobre a vida.
Escrever um livro de cabeceira?
Escrita sem leitor
Escrita sem endereçamento
Escrita sem intenção
Escrita sem função
Escrita que não serve para nada
Escrita potência zero
Escrita para fio de vida
Escrita que traça curvas e dobras
Escrita das linhas de vida e de morte
Escrita sonoramente ruidosa
Escrita como matéria sonoro
Escrita matéria erótica
Escrita audivisual
Escrita enigmática
Escrita criação
Escrita de afectos e perceptos
Escrita resistência
Criar é descarregar a vida
inventar novas possibilidades de vida
Criar é resistir
Resistir a escrita como treinamento, como opinião, como aprisionamento da cientificidade,
como besteira, como imbecilidade, como aprisionamento na forma, como repetição do mesmo...
O corpo escritura liberta das paixões tristes
Liberta o ressentimento
Escritura variação de si
Escritura atravessa o vivível e o vivido
Sempre matéria viva
Como a carne crua
Domina a norma da língua
Ao ponto de levá-la a uma explosão
Explode a forma de escrever pelo seu excesso de rigor
Escritura torna sensível o que não é sensível
Uma escrita que declina para fuga
Um corpo que faz pensamento
Um corpo sem órgão diria Artaud.
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